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Arqueologia em Portugal: 2023 - Estado da Questão

1. Pré-História

 

1.1 O PONTENCIAL INFORMATIVO DOS LARGE CUTTING TOOLS: O CASO DE ESTUDO DA ESTAÇÃO PALEOLÍTICA DO CASAL DO AZEMEL (LEIRIA, PORTUGAL)
Carlos Ferreira / João Pedro Cunha-Ribeiro / Eduardo Méndez-Quintas

Os Large Cutting Tools (LCTs), considerados como o hallmark do tecno-complexo Acheulense, são artefactos privilegiados para o estudo do comportamento humano durante o Plistocénico Inferior e Médio. No ocidente europeu, uma das maiores coleções de LCTs é proveniente da jazida do Casal do Azemel (Leiria, Portugal), constituída por ca. de 750 exemplares (distribuídos entre produtos do grupo dos bifaces, machados de mão e outros macro-utensílios), que foram recentemente reanalisados com base numa abordagem tecno-tipológica, tecno-funcional e morfo-geométrica. Globalmente, os dados obtidos colocam em evidência um reportório comportamental complexo associado à elaboração de grandes utensílios, preferencialmente sobre lasca, através de estratégias distintas, que revelam um grau de conceptualização e estandardização significativo, e indiciam a existência de importantes pré-requisitos cognitivos e tecnológicos.

 

1.2 PALEOTEJO - UMA REDE DE TRABALHO PARA A INVESTIGAÇÃO E PARA O PATRIMÓNIO RELACIONADO COM OS NEANDERTAIS E PRÉ-NEANDERTAIS
Telmo Pereira / Luís Raposo / Silvério Figueiredo / Pedro Proença e Cunha / João Caninas Francisco Henriques / Luiz Oosterbeek / Pierluigi Rosina / João Pedro Cunha-Ribeiro / Cristiana Ferreira / Nelson J. Almeida / António Martins / Margarida Salvador / Fernanda Sousa / Carlos Ferreira / Vânia Pirata / Sara Garcês / Hugo Gomes

O ocidente da Península Ibérica é uma região importante para o conhecimento do Paleolítico Inferior e Médio, porque foi onde terminou a dispersão humana na Eurásia para ocidente. Paralelamente, foi um refúgio ecológico cuja diversidade de recursos e paisagens potenciaram idiossincrasias culturais. Apesar da investigação do Paleolítico em Portugal ter começado no século XIX, o seu conhecimento é ainda escasso, pouco detalhado e disperso, tanto no tempo, como no espaço. O projeto PaleoTejo – Paleolítico Inferior e Médio no Rio Tejo rege-se por três objetivos principais: 1, estudo dos acervos; 2, caracterização geoarqueológica dos contextos; 3, respetiva datação e, por fim, a publicação sistemática dos resultados. Apresentamos o enquadramento histórico das investigações e o estado atual dos trabalhos.

 

1.3 A INDÚSTRIA LÍTICA DE MALHADINHAS E O SEU ENQUADRAMENTO NO PATRIMÓNIO ACHEULENSE DO VALE DO TEJO
Vânia Pirata / Telmo Pereira / José António Pereira

Malhadinhas é um sítio acheulense localizado no terraço T4, na margem esquerda do Rio Tejo. O depósito caracteriza-se pela sequência de camadas de densas cascalheiras com seixos rolados de quartzito intercaladas por camadas de argila. Conhecido há mais de um século, o sítio foi teve trabalhos sumários de recolha e estudo de materiais. Em 2019, a construção de uma Central Fotovoltaica permitiu, pela primeira vez, a realização de sondagens que expuseram a sequência do depósito de terraço e a recolha de mais de 1300 elementos líticos, entre artefactos típicos do Acheulense, e amostras de matéria-prima. Esta combinação, constitui um contributo significativo para o conhecimento e divulgação dos testemunhos acheulenses na bacia do Rio Tejo.

 

1.4 O ABRIGO DO LAGAR VELHO REVISITADO
Ana Cristina Araújo / Ana Maria Costa / Montserrat Sanz / Armando Lucena / Joan Daura

Em 2018 inicia-se uma nova fase de investigação no Lagar Velho ao abrigo do projecto ALV. Os trabalhos incidiram na escavação dos depósitos subjacentes à EE15, numa área de 16m2, que levaram à identificação de uma sequência sedimentar muito complexa e onde o contributo de distintos agentes biológicos constitui o maior desafio à investigação arqueológica. O Nível 143, a unidade geoarqueológica mais importante agora documentada, caracteriza-se por uma elevada taxa de termoalteração da componente faunística e uma reduzida presença de artefactos líticos, por oposição ao elevado número de seixos representa-do. O conjunto de datações absolutas obtidas indicam a sua contemporaneidade com o enterramento infantil. Foi igualmente identificada no decurso das investigações uma nova ocupação gravetense, designada de Nível 100.

 

1.5 CONTRIBUTO PARA O CONHECIMENTO DAS INDÚSTRIAS LÍTICAS PRÉ-HISTÓRICAS DO LITORAL DE ESPOSENDE (NW DE PORTUGAL)
Sérgio Monteiro-Rodrigues

Neste texto descrevem-se, sumariamente, 12 sítios arqueológicos com indústrias líticas talhadas, descobertos pelo autor, a partir de 2006, na faixa litoral do concelho de Esposende. Enquadráveis no Paleolítico e na Pré-história Recente, estes sítios permitiram aumentar consideravelmente o número de estações arqueológicas com artefactos de pedra lascada referenciadas na Carta Arqueológica do Concelho (7) e na Planta de Património Arqueológico do Plano Diretor Municipal (4).

 

1.6 À VOLTA DA FOGUEIRA NA PRÉ-HISTÓRIA: ANÁLISE ÀS ESTRUTURAS DE COMBUSTÃO DO SUL DE PORTUGAL – A PRAIA DO MALHÃO (ODEMIRA)
Ana Rosa

É objectivo do presente trabalho dar continuidade ao estudo das estruturas de combustão da pré-história, cuja crescente distribuição no Sul de Portugal, em particular, no território alentejano, têm permitido identificar também padrões de mobilidade e assentamento das antigas populações. No âmbito do projecto POLIS Litoral do Sudoeste (2015), foram identificados novos vestígios, associados à ocupação neolítica da faixa costeira. As lareiras intervencionadas na Praia do Malhão (Odemira), inéditas neste contexto, são agora pretexto para uma revisão da informação arqueológica que tem vindo a ser sistematizada.

 

1.7 O PROJECTO LANDCRAFT. A INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO ABRIGO DAS LAPAS CABREIRAS
João Muralha Cardoso / Mário Reis / Bárbara Carvalho / Lara Bacelar Alves

Considerando um dos objectivos do nosso projecto – a investigação dos contextos sócio-culturais da Arte Esquemática no Vale do Côa – e partindo do caso de estudo das Lapas Cabreiras, consideramos que a investigação dos contextos arqueológicos, quer no sentido da identificação de um momento de passagem/ocupação/uso dos sítios, quer do reconhecimento de outras ocorrências na sua envolvente, fornecerá um conjunto de dados muito importantes para a reflexão e compreensão de várias questões em aberto, sobressaindo a seguinte: Até que ponto as evidências materiais (da escavação e da prospecção) e a ocupação de diferentes sítios nos ajudam a compreender o uso e a ocupação daquela paisagem?

 

1.8 A OCUPAÇÃO PRÉ-HISTÓRICA DE MONTE NOVO: LOCAL DE CULTO E DE HABITAT
Mário Monteiro / Anabela Joaquinito

Em 2018, no âmbito do Estudo de Impacte Ambiental realizado pela Emerita, Lda para a Administração do Porto de Sines, identificou-se um importante núcleo de povoamento e de culto, com ocupação, pelo menos, entre o Neolítico Final e o Calcolítico Pleno. Núcleo este que integra: o recinto megalítico Monte Novo 1, escavado nos anos 70 do século XX por Joaquina Soares e Carlos Tavares da Silva e nos anos 80 por Mário Varela Gomes; uma área de povoado designada como Monte Novo 3, a qual abrange dois prováveis fundos de cabana e uma fossa que se encontrava preenchida com materiais arqueológicos; por fim, uma área de culto designada como Monte Novo 4, que integra dois santuários contíguos.

 

1.9 A FORMALIZAÇÃO DE ESPAÇOS PÚBLICOS DURANTE O CALCOLÍTICO NO ALTO DOURO PORTUGUÊS: AS GRANDES ESTRUTURAS CIRCULARES DO CASTANHEIRO DO VENTO (V.N. FOZ CÔA)
Ana Vale / João Muralha Cardoso / Sérgio Gomes / Vítor Oliveira Jorge

O recinto murado de Castanheiro do Vento (V. N. de Foz Côa) apresenta-se como um intrincado e labiríntico espaço de construção pautado por uma acentuada variabilidade de estruturas. Este texto versa sobre as Grandes Estruturas Circulares (GEC), um tipo arquitetónico individualizável pela sua dimensão e planta. Analisando-se esta unidade arquitetónica, colocar-se-á a hipótese de estes locais acolherem ações diversas, indiciadoras das múltiplas e complexas relações entre o sítio e o território, sendo o território e o dia-a-dia das comunidades convocados para o interior do recinto, em particular e de modo formal, através da formalização e vivência destes espaços. Desta perspetiva, as estruturas são interpretadas como locais de assembleia – lugares públicos de atualização da rede territorial do recinto.

 

1.10 EM BUSCA DA COLECÇÃO PERDIDA (1): VILA NOVA DE SÃO PEDRO NO MUSEU MUNICIPAL DE VILA FRANCA DE XIRA
César Neves / José Morais Arnaud / Andrea Martins / Mariana Diniz

Desde 2016 que Vila Nova de São Pedro corresponde à temática central do projecto VNSP 3000, que procura reunir e analisar toda a informação relacionada com este sítio. Além do Museu Arqueológico do Carmo (MAC), tem-se vindo a contactar instituições que contam, nos seus acervos, com espólio arqueológico proveniente deste povoado Calcolítico. Perante estas colecções, tem sido adoptada a mesma metodologia usada no conjunto do MAC: inventariar; registar e estudar. Entre os numerosos artefactos arqueológicos à guarda do Museu Municipal de Vila Franca de Xira, encontra-se uma pequena colecção proveniente de Vila Nova de São Pedro. Contabilizaram-se 149 elementos divididos entre Indústria Lítica (pedra lascada e pedra polida/afeiçoada) e Cerâmica. O destaque vai para o conjunto pedra polida e afeiçoada, assim como para os pesos de tear em cerâmica.

 

1.11 DE CASA EM CASA: NOVOS DADOS SOBRE O SÍTIO PRÉ-HISTÓRICO DO RIO SECO/BOA-HORA (AJUDA, LISBOA)
Regis Barbosa

Apresentamos os resultados de uma intervenção arqueológica realizada na Calçada da Boa-Hora, em Lisboa, no âmbito da reabilitação de um edifício. O local implanta-se entre o Tejo e o alto da Ajuda. A componente artefactual é diversificada e pode ser enquadrada no Neolítico Final e no Calcolítico, destaca-mos a presença de cerâmicas carenadas, com bordos denteados e com decoração “folha-de-acácia”, bem como indústria lítica em sílex com uso recorrente do método prismático e indústria em osso. Identificámos ainda estruturas positivas e negativas, nomeadamente uma possível fossa, que continha fauna mamalógica e malacológica. Interpretamos estes vestígios como componentes de uma economia de largo espectro, onde diferentes atividades teriam sido efetuadas num possível povoado.

 

1.12 UM CONTRIBUTO PARA O ESTUDO DAS PONTAS PALMELA DAS «GRUTAS DE ALCOBAÇA»
Michelle Teixeira Santos / Cátia Delicado / Isabel Costeira

No conjunto dos artefactos metálicos recolhidos por Vieira Natividade nas intervenções realizadas nas «Grutas de Alcobaça», cujos resultados foram pioneiramente publicados em monografia homónima (Natividade, 1901), destacam-se as diversas pontas de cobre «tipo Palmela», exemplares em bom estado de conservação que integram a colecção do Mosteiro de Alcobaça e, que agora revisitamos, procurando contribuir para o seu estudo através de uma leitura tipológica, análise composicional e algumas considerações cronológicas.

 

1.13 MONTE DA PONTE (ÉVORA): UM CRUZAMENTO ENTRE O POSITIVO E O NEGATIVO?
Inês Ribeiro

O Monte da Ponte, localizado em Évora, foi identificado em 1989 através de fotografia aérea. Em 1996, Martin Höck e Philine Kalb realizaram uma sondagem e prospeção geofísica na plataforma superior que forneceu indícios da existência de fos-sos e de muralhas. A confirmar-se, o Monte da Ponte remete-nos para uma problemática que tem sido alvo de importante debate entre especialistas e que se relaciona com as dinâmicas dos Recintos de Fossos e Recintos Amuralhados. Este estudo, apresenta então os dados preliminares derivados do estudo do conjunto artefactual, dos materiais provenientes das sondagens realizadas, na tentativa de contribuir para o conhecimento das complexas realidades associadas à Pré-história Recente do Sudoeste Peninsular.

 

1.14 PEÇAS ANTROPOMÓRFICAS DA NECRÓPOLE MEGALÍTICA DE ALTO DE MADORRAS. ABORGAGEM PRELIMINAR AO SEU ESTUDO E VALORIZAÇÃO NO ÂMBITO DO PROJECTO TSF - MURÇA
Maria de Jesus Sanches / Maria Helena Barbosa / Nuno Ramos / Joana Castro Teixeira / Miguel Almeida

Revelam-se neste texto os resultados preliminares do estudo de duas peças antropomórficas, provenientes da necrópole megalítica de Alto das Madorras que se localiza na fronteira dos concelhos de Murça e Alijó (Trás-os-Montes). São elas um esteio-estela antropomórfica da Mamoa 4 e uma placa sub-rectangular da Mamoa 8, depositada no Museu Nacional de Arqueologia, esta conhecida correntemente na bibliografia como “ídolo”. Em ambas se procedeu ao registo 3D. Sendo as duas antropomórficas e provenientes de duas mamoas muito próximas, é discutida aqui a pertinência da comparação entre o motivo sub-rectangular gravado no esteio-estela e a placa, sendo adiantado que estas peças e desenhos – gravuras e pinturas –, sem deixar de personificar entidades muito características do mundo megalítico peninsular e bretão, parecem ter a sua tradução em objectos reais. O texto chama ainda a atenção para a necessidade dum estudo mais apurado desta necrópole, “explorada”, já no final do séc. XIX, com métodos que não se adequam ao questionamento científico actual. E insiste na necessidade de, no âmbito do Projecto TSF, criar territórios temáticos que abranjam as necrópoles e monumentos neolíticos e calcolíticos, conectando as comunidades locais com a sua ancestralidade.

 

1.15 APONTAMENTOS SOBRE O MONUMENTO MEGALÍTICO DA BOUÇA DA MÓ 2, BALUGÃES, BARCELOS (NOROESTE DE PORTUGAL)
Luciano Miguel Matos Vilas Boas / Vítor Dias

O presente trabalho pretende dar a conhecer ainda que de uma forma preliminar alguns dados sobre o monumento megalítico da Bouça da Mó localizado em Balugães, Barcelos. Este monumento foi intervencionado em 2004 após ter sido grosseiramente mutilado à revelia das entidades competentes o que originou posteriormente uma intervenção arqueológica, a qual possibilitou a recolha de dados interessantes demonstrando uma longa diacronia de utilização desde o Neolítico período da sua construção e posteriores reutilizações e/ou revisitações durante o Calcolítico, Idade do Bronze e talvez também durante a Idade do Ferro.

 

1.16 A MAMOA 1 DO CRASTO, VALE DE CAMBRA. UM MONUMENTO SINGULAR
Pedro Manuel Sobral de Carvalho

A intervenção arqueológica na Mamoa 1 do Crasto realizada no âmbito de trabalhos de minimização de impactes da construção de um pavilhão na zona industrial do Rossio, Vale de Cambra, revelou um interessante monumento que vem sublinhar o polimorfismo arquitetónico das expressões tumulares da Pré-história Recente da região Centro Norte Litoral. Trata-se de uma mamoa com um possante anel lítico, verdadeiramente megalítico, que contrasta com a estrutura central, em fossa. A ausência de uma câmara megalítica encontra paralelos em alguns monumentos da Plataforma Litoral, colocando em cima da mesa a questão cada vez mais alicerçada de haver um megalitismo de Litoral e um megalitismo de hinterland.
As questões são muitas e de certo que abrem novas perspetivas na abordagem do(s) megalitismo(s) desta região.

 

1.17 À CONVERSA COM OS OSSOS: POPULAÇÃO DO NEOLÍTICO FINAL/CALCOLÍTICO DA LAPA DA BUGALHEIRA, TORRES NOVAS
Helena Gomes / Filipa Rodrigues / Ana Maria Silva

Na Lapa da Bugalheira (Almonda, Torres Novas), localizada no extremo sul do Maciço Calcário Estremenho, foram realizados trabalhos arqueológicos na década de 40 do século XX e desde 2019. No presente trabalho foi analisada a amostra óssea humana cronologicamente enquadrada no Neolítico Final/Calcolítico exumada das duas intervenções. Os restos ósseos foram recuperados sem qualquer conexão anatómica. Contudo, a representatividade óssea e dentária sugerem que se trate de um local de inumação primária. O número mínimo de indivíduos estimado é de 35, 24 adultos (68.6%) e 11 não-adultos (31,4%). Nestes últimos, a faixa etária mais representada foi a dos 5-9 anos (n=5). Poucas foram as patologias observadas, que incluem oral, degenerativa, infeciosa e traumática.

 

1.18 DOS OSSOS, CACOS, PEDRAS E TERRA À LEITURA DETALHADA DAS PRÁTICAS FUNERÁRIAS NO 3º MILÉNIO A.C.: O CASO DO HIPOGEU I DO MONTE DEO CARRASCAL 2 (FERREIRA DO ALENTEJO, BEJA)
Maria João Neves

A caracterização do tratamento funerário em sítios complexos, como os sepulcros colectivos pré-históricos nos quais a acumulação e justaposição de milhares de fragmentos ósseos fragmentados é comum, encontra-se dependente da adopção de um conjunto conceitos radicados na Arqueotanatologia. Neste trabalho será apresentado e discutido o caso do Hipogeu I do Monte do Carrascal 2 (Ferreira do Alentejo, Beja), onde a abordagem arqueotanatológica, cruzada com a leitura geoarqueológica do sítio e com a análise da distribuição espacial dos elementos presentes no sepulcro, permitiu reconstituir a cadeia operatória funerária ali implementada entre 2900 e 2300 cal. a.C., resultados enquadrados à luz dos trabalhos recentes em sítios coevos do sudoeste da Pensínsula Ibérica.

 

1.19 OS SEPULCROS DA PRÉ-HISTÓRIA RECENTE DA QUINTA DOS POÇOS (LAGOA): CONTEXTOS E CRONOLOGIAS
António Carlos Valera / Lucy Shaw Evangelista / Catarina Furtado / Francisco Correia

A Quinta dos Poços, no município de Lagoa, foi intervencionada pela ERA Arqueologia no âmbito da construção de um campo de golf pelo Grupo Pestana. Nesses trabalhos, que envolveram a realização de acompanhamento arqueológico, prospecção geofísica e escavação arqueológica, foram intervencionados quatro sepulcros, dos quais um revelou uma cronologia do 3º milénio a.C. e os restantes três uma cronologia atribuível ao Neolítico Médio (4º milénio a.C.). No presente texto são apresentados os dados relativos às arquitecturas, às estratigrafias, à componente material votiva e à cronologia absoluta já disponível. É ainda realizada uma breve contextualização regional, salientando as principais aportações deste contexto para o aprofundamento do conhecimento da Pré-História Recente Regional.

 

1.20 QUINTA DOS POÇOS (LAGOA): DADOS BIOLÓGICOS E PRÁTICAS FUNERÁRIAS DOS SEPULCROS DA PRÉ-HISTÓRIA RECENTE
Lucy Shaw Evangelista / Eduarda Silva / Sofia Nogueira / António Carlos Valera / Catarina Furtado / Francisco Correia

No âmbito da construção de um campo de golf pelo Grupo Pestana no município de Lagoa foram intervencionadas pela equipa da Era Arqueologia, três estruturas funerárias atribuíveis Neolítico Médio (meados do 4º milénio a.C.) e um sepulcro datado do início do 3ª milénio a.C.. Neste artigo serão apresentados os dados relativos à caracterização bioantropológica dos restos osteológicos humanos e aos rituais funerários identificados.

 

1.21 EVERYTHING EVERYWHERE? DEFINITELY NOT ALL AT ONCE. UMA APROXIMAÇÃO INICIAL ÀS PRÁTICAS DE PROCESSAMENTO DE MACROFAUNAS DE PRÉ-HISTÓRIA RECENTE DO CENTRO E SUL DE PORTUGAL
Nelson J. Almeida / Catarina Guinot / António Diniz

Partimos da informação tafonómica publicada sobre conjuntos arqueofaunísticos do Centro e Sul de Portugal enquadráveis nos períodos Neolítico e Calcolítico. O intuito é realizar uma aproximação inicial às práticas de processamento e consumo de macrofauna, pelo que focaremos as evidências em caprinos, suínos, cervídeos, bovinos e equídeos. São também considerados os restos de macrofauna indeterminados taxonomicamente, quando tivermos acesso a essa informação, porquanto ajudam a caracterizar as histórias tafonómicas. As variáveis analisadas são as marcas de corte, indicadores de fractura antrópica, alteração térmica por contacto com fogo e fervura, marcas de dentes e indicadores associados. Ainda que a informação seja desigual, algumas considerações preliminares sobre o tema são lançadas à discussão.

 

1.22 UM SÍTIO, DUAS PAISAGENS: A EXPLORAÇÃO DE RECURSOS VEGETAIS DURANTE O MESOLÍTICO E A IDADE DO BRONZE NA FOZ DO MEDAL (BAIXO SABOR, NORDESTE DE PORTUGAL)
João Pedro Tereso / María Martín Seijo / Rita Gaspar

As intervenções arqueológicas realizadas no sítio da Foz do Medal revelaram lareiras, buracos de poste e, principalmente, fossas datadas de diferentes momentos do Mesolítico e do Bronze Médio, onde foram recolhidos macrorrestos vegetais. O seu estudo sugere que as comunidades humanas que frequentaram o local no Mesolítico e na Idade do Bronze movimentaram-se em paisagens bastante distintas, evidenciando-se uma crescente antropização na fase mais recente. Efetivamente, os dados antracológicos demonstram que durante o Mesolítico foram exploradas formações arbóreas diversas, enquanto no Bronze Médio os táxones arbustivos surgem recorrentemente, indiciando uma marcante ação humana na paisagem. Esta ideia é reforçada pela identificação de vestígios carpológicos de diferentes cultivos, sendo provável que este sítio se encontrasse nas proximidades dos campos agrícolas.

 

1.23 ANÁLISE ISOTÓPICA ESTÁVEL EM SEDIMENTOS DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS
Virginia Lattao / Sara Garcês / Hugo Gomes / Maria H. Henriques / Elena Marrocchino / Pierluigi Rosina / Carmela Vaccaro

Nos últimos anos, a análise de isótopos leves em sedimentos tem sido utilizada para reconstruir variações climáticas em contextos continentais. O objetivo deste estudo é verificar a utilidade desta metodologia analítica em depósitos arqueológicos, especialmente na ausência de outros proxies. Foram analisados sedimentos de diferentes contextos (fluviais, coluviais e de preenchimento de gruta), do pleistocénico e do holocénico, para ter melhor controlo estratigráfico e cronológico foram recolhidos em locais com evidências arqueológicas. Os resultados são comparados com os dados mais conhecidos dos isótopos marinhos.

 

1.24 SOBRE A PRESENÇA DE SÍLEX NA PRAIA DAS MAÇÃS (SINTRA)
Patrícia Jordão / Nuno Pimentel

O estudo de material silicioso recolhido à superfície no Outeiro das Mós (Praia das Maçãs) conduziu à descoberta, neste local, de sílex na Formação de Bica, até então não cartografada, e que assim constitui uma potencial área-fonte de proveniência. A caracterização petrográfica do sílex daquela unidade do Cenomaniano permitiu detalhar as microfácies anteriormente identificadas entre Torres Vedras e Lisboa, contribuindo para ampliar o referencial geológico silicioso do Sector Central da Bacia Lusitânica. Por outro lado, verificou-se que esta matéria-prima poderá ter sido alvo de extracção próxima, ficando por esclarecer o local e o processo da actividade. Por último, confirmou-se que a atitude e a litologia das camadas calcárias condicionaram o plano de construção e a arquitectura final da gruta artificial.

 

1.25 LOST & FOUND. RESULTADOS DOS TRABALHOS DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA REALIZADOS NO VALE DO CARVALHAL DE ALJUBARROTA (ALCOBAÇA, LEIRIA)
Cátia Delicado / Leandro Borges / João Monte / Bárbara Espírito Santo / Jorge Lopes / Inês Sofia Silva

Em Julho de 2022 foram efectuadas prospecções no vale do Carvalhal de Aljubarrota (Alcobaça) com o propósito de relocalizar as cavidades intervencionadas por Manuel Vieira Natividade. Não só foi possível relocalizar a maioria das cavidades mencionadas por si na monografia relativa às grutas de Alcobaça como também identificar novas grutas de potencial arqueológico, dentro e fora do vale. A relocalização das grutas permitiu que fossem ainda recuperados alguns restos osteológicos humanos que ainda se encontravam no interior das mesmas, dando origem à maioria das datações agora existentes para este vale. O fraco afinamento cronológico sobre os materiais fez com que estas cavidades tenham sido repetidamente ignoradas da bibliografia arqueológica e etiquetadas como pertecendo ao “Neolítico e Calcolítico” de forma generalista.

 

1.26 ANÁLISE DOS PADRÕES DE LOCALIZAÇÃO DAS GRUTAS ARQUEOLÓGICAS DA ARRÁBIDA
João Varela / Nuno Bicho / Célia Gonçalves

A área de Sesimbra apresenta um conjunto já significativo de cavidades cársicas identificadas, umas com vestígios de ocupação humana, outras sem quaisquer vestígios e muitas outras por descobrir. Até à presente data não existe nenhum estudo exaustivo que contenha a re- colha de dados geográficos, e arqueológicos que ajude a decifrar os padrões geográficos e temporais da utilização das grutas, durante a Pré-História na região da Arrábida. É objectivo deste poster dar a conhecer esta problemática, apresentando os resultados preliminares de trabalho de campo, de um projecto que visa o levantamento detalhado de todas as grutas arqueológicas da Serra da Arrábida. Para atingir o nosso objectivo foi utilizado como ferramenta um Sistema de Informação Geográfica (SIG).

 

1.27 NOVOS TESTEMUNHOS DE OCUPAÇÃO PRÉ-HISTÓRICA NA ÁREA DA RIBEIRA DE SANTA MARGARIDA (ALTO ALENTEJO): NOTÍCIA PRELIMINAR
Ana Cristina Ribeiro

Na sequência da identificação recente de um extenso e relevante conjunto de evidências de ocupação pré-histórica confirmada para a margem direita da ribeira de Santa Margarida, afluente do rio Sor (Alto Alentejo), apresenta-se, até existir uma visão mais ampla da distribuição dos vestígios, a notícia preliminar dos achados, baseada na sua distribuição e tipologia, assim como uma breve reflexão sobre a continuidade do projecto e as orientações de trabalho a desenvolver nas zonas com potencial arqueológico, associadas aos afluentes do rio Sor, na área em estudo.