Arqueologia em Portugal: 2020 - Estado da Questão

3. Didáctica da Arqueologia

 

3.1 COMO OS PROJETOS DE ARQUEOLOGIA PODEM CONTRIBUIR PARA UMA COMUNIDADE CULTURALMENTE MAIS CONSCIENTE
Alexandra Figueiredo / Claúdio Monteiro / Adolfo Silveira / Ricardo Lopes

O projeto da Carta Arqueológica do concelho Caldas da Rainha é um projeto plurianual, aprovado pela DGPC. Além do trabalho de recolha e análise dos dados e da prospeção e descoberta de sítios arqueológicos, pretende contribuir para uma melhor educação patrimonial, correspondendo desta forma à vertente tão importante da sensibilização cívica cultural. Integra nos seus objetivos componentes que se prendem na didática da arqueologia, pela realização de diversas atividades com a comunidade local, no sentido de sensibilizar a população para a preservação do património arqueológico.
Assim, pretendemos neste artigo apresentar as ações desenvolvidas e algumas conclusões observadas, bem como demonstrar a necessidade destas atividades para o incremento de uma sociedade mais esclarecida e sensível para a salvaguarda dos vestígios das ocupações humanas passadas.

 

3.2 EDUCAÇÃO PATRIMONIAL – UM CIDADÃO ESCLARECIDO É UM CIDADÃO ATIVO! 
Ana Paula Almeida

O Património é um testemunho que mantém viva a Memória dos povos, contribuindo para o reforço da sua Identidade.
O programa de dinamização do Serviço de Património Cultural (SPC) do Município de Esposende integra um conjunto de atividades decorrentes de múltiplos programas de pesquisa arqueológica realizados pelo Serviço e pelos seus parceiros (universidades e centros de investigação). Concebido para diferentes públicos, estimulam a aproximação física e emocional ao Património, nomeadamente através de atividades destinadas à comunidade educativa e ao público em geral.
Educar e sensibilizar, de forma pedagógica e divertida para áreas como a Arqueologia, a História, o Património, a Inclusão ou a Cidadania são alguns pressupostos dos projetos da presente comunicação: “Eu Sou Património!” e PASO – Projeto de Arqueologia Sem Obstáculos.

 

3.3 A APROXIMAÇÃO DA ARQUEOLGIA À SALA DE AULA: UM CASO DE ESTUDO NO 3º CICLO DO ENSINO BÁSICO
Luís Serrão Gil

No presente artigo pretendemos sintetizar parte das actividades desenvolvidas durante a realização da nossa Prática de Ensino Supervisionada (PES) no âmbito da tese de mestrado, (A utilização de artefactos no ensino da História), em ensino da História pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Esta assumiu uma abordagem metodológica qualitativa e quantitativa que pretendia tornar os artefactos em ferramentas pedagógicas fundamentais para o ensino da História.

 

3.4 ARQUEOLOGIA 3.0 – PENSAR E COMUNICAR A ARQUEOLOGIA PARA UM FUTURO SUSTENTÁVEL
Mónica Rolo

No presente artigo dá-se a conhecer o projeto Arqueologia 3.0, uma iniciativa que resultou da parceria do Museu-Biblioteca da Casa de Bragança – Fundação da Casa de Bragança com a Universidade de Évora, e que se materializou num conjunto de três edições de workshops internacionais, de periodicidade anual, realizados entre os anos de 2017 e 2019. As diferentes edições seguiram uma linha condutora comum – abordar a questão do estudo, divulgação e valorização do património arqueológico à luz de novas formas de encarar e comunicar a Arqueologia. É nossa intenção apresentar um balanço do projeto Arqueologia 3.0 e lançar as bases para uma eventual nova fase do mesmo.

 

3.5 “CONVERSA DE ARQUEÓLOGOS” – DIVULGAR A ARQUEOLOGIA EM TEMPOS DE PANDEMIA
Diogo Teixeira Dias

As “Conversas de Arqueólogos” foram eventos informais de divulgação da Arqueologia em Portugal, realizadas em streaming, em direto, a partir dos Açores, nos meses de maio e junho de 2020, e promovidas pela Fundação Manuel Sousa de Oliveira, com sede em Ponta Delgada, orientada para a promoção da Arqueologia nos Açores.
A iniciativa à distância tornou-se uma solução alternativa aos habituais “Clubes de História”, que a Fundação organizava desde 2018, mas que por razão do confinamento obrigatório, provocado pela pandemia Covid-19, foram suspensas.
Este artigo patenteia sumariamente a atividade da Fundação, do seu fundador e expõe os objetivos das “Conversas de Arqueólogos”, a sua metodologia e os seus resultados, em prol da divulgação e acessibilidade digital do Património Arqueológico e do seu processo científico.

 

3.6. ESCOLA PROFISSIONAL DE ARQUEOLOGIA: DESAFIOS E OPORTUNIDADES
Susana Nunes / Dulcineia Pinto / Júlia Silva / Ana Mascarenhas

O desafio permanente da educação, e do ensino profissional em particular, exige uma permanente adaptação das práticas pedagógicas ao mundo global em que vivemos. As gerações mais novas fazem emergir a necessidade de estratégias que tornem as práticas pedagógicas mais motivadoras e adequadas a um mundo em constante mudança.
Em resposta a este desafio, a Escola Profissional de Arqueologia (EPA) tem vindo a desenvolver projetos e atividades, que permitem, por um lado, dotar os nossos alunos das competências técnicas específicas da área da arqueologia; e por outro, divulgar e fomentar o gosto e respeito pelo património cultural, particularmente arqueológico.

 

3.7 OS MUSEUS DE ARQUEOLOGIA E OS JOVENS: A OFERTA EDUCATIVA PARA O PÚBLICO ADOLESCENTE
Beatriz Correia Barata / Leonor Medeiros

A dinâmica dos serviços educativos dos museus tem vindo a desenvolver-se de forma significativa como resposta à valorização e divulgação do património junto dos diferentes públicos. Contudo, os visitantes e os interesses mudam, levando não só à adaptação por parte dos museus, mas também à necessidade de captar audiências e ir de encontro aos novos interesses.
É dentro do âmbito de captação de novos públicos em museus de arqueologia que se foca este artigo, mais precisamente no público entre os 13 e os 17 anos, que se tem provado um desafio. O adolescente é um público com necessidades específicas e numa fase de transição. No entanto, este é um período fundamental para a educação e formação do futuro adulto/visitante.

 

3.8 O MUSEU UNIVERSITÁRIO COMO MEDIADOR ENTRE A CIÊNCIA E A SOCIEDADE: O EXEMPLO DA SECÇÃO DE ARQUEOLOGIA NO MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL E DA CIÊNCIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO (MHNC-UP)
Rita Gaspar

Os museus universitários têm uma responsabilidade acrescida na posição de mediadores entre a produção de conhecimento científico e a sua transferência para os diferentes públicos. Ainda que inicialmente mais centralizados no apoio ao ensino, atualmente têm uma missão mais alargada de transferência de conhecimento produzido na academia para a comunidade onde se inserem. Serão aqui apresentados alguns exemplos de abordagens desenvolvidas na secção de Arqueologia e Etnografia do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto ao longo da história da instituição.

 

3.9 MUSEU DE LANIFÍCIOS: REAL FÁBRICA DE PANOS. ATIVIDADES NO ÂMBITO DA ARQUEOLOGIA
Beatriz Correia Barata / Rita Salvado

O Museu de Lanifícios, fundado em 1992 na Covilhã, está desde sempre ligado à arqueologia. Em 1975 foram expostas as Tinturarias Setecentistas da Real Fábrica de Panos e com a sua descoberta iniciou-se um importante projecto de conservação e salvaguarda que desempenhou um papel pioneiro no panorama da Arqueologia Industrial Portuguesa.
Face à sua missão de divulgação da indústria e património têxtil, o museu tem desenvolvido um programa extenso de atividades lúdicas, workshops, palestras e exposições temporárias dedicadas ao público.
O programa, apesar de diversificado, centra as atividades sobretudo na história da manufactura dos lanifícios e tradição têxtil. Perante as reduzidas atividades ligadas à arqueologia, iniciou-se em 2019 um projecto de introdução do tema arqueológico no plano divulgativo e pedagógico do museu.

 

3.10 ARQUEOLOGIA PÚBLICA E O CASO DA LOCALIDADE DA MATA (TORRES NOVAS)
Cláudia Manso / Ana Rita Ferreira / Cristiana Ferreira / Vanessa Cardoso Antunes

Discutem-se formulações de ‘valor’, ‘identidade’ e ‘lugar’, partindo de M. Díaz-Andreu (2017: 2-6) e de P. G. Gould (2016:1-18), bem como os termos em que se estrutura uma abordagem participativa e crítica da comunidade na gestão cultural local com base na seleção comparativa de convenções internacionais do património.

 

3.11 DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO AO MUSEU: UM PERCURSO (TAMBÉM) DIDÁTICO
Lídia Fernandes

Qualquer sítio arqueológico, per si, permite questionar o sentido da arqueologia enquanto ciência que “produz” ruína. O conhecimento histórico, no que respeita à arqueologia, passa inevitavelmente pela consequente atuação em relação a tais estruturas que, musealizadas ou deixadas ao abandono, são testemunhas da memória histórica.
A abordagem que atualmente se realiza é muito diversa consoante o objeto arqueológico em causa, o seu contexto ou o protagonismo que se pretende. Com efeito, a musealização de sítios arqueológicos tem, recentemente, suscitado interesses ambivalentes passando as ruínas a servir de mote a projetos icónicos que ultrapassam, em muitos casos, o objetivo para o qual foram criados. Nem tudo carece de musealização, mas tudo o que é musealizado carece, obrigatoriamente, de um enquadramento que dignifique o próprio objeto.

 

3.12 ESTÃO TODOS CONVIDADOS PARA A FESTA! E PARA DANÇAR TAMBÉM… O PROJECTO DO SERVIÇO EDUCATIVO DO MUSEU ARQUEOLÓGICO DO CARMO NA 5ª EDIÇÃO DA FESTA DA ARQUEOLOGIA
Rita Pires dos Santos

Criado em 2003, o Serviço Educativo do Museu Arqueológico do Carmo (MAC) tem como objectivos principais estimular o conhecimento e a vivência do Museu e da sua Coleção junto de um cada vez maior e mais diversificado público.
Mas como possibilitar e estimular uma participação activa por parte dos públicos? Que estratégias poderemos utilizar para convidar alguém a “dançar” connosco? Qual o papel social e educativo de um museu?
Partindo duma breve análise em torno destas questões iremos em seguida dar a conhecer o projecto desenvolvido pelo Serviço Educativo no âmbito da 5ª edição da Festa da Arqueologia, que teve lugar em Abril de 2019, sob o tema Revoluções e Resistências – Das Origens à Revolução Industrial.

 

3.13 O “CLÃ DE CARENQUE”, UM PROJETO DIDÁTICO DE ARQUEOLOGIA
Eduardo Gonzalez Rocha

O projeto didático “Clã de Carenque” visa recriar uma comunidade do Neolítico Final português, integrável na cultura megalítica, associada a edificação de antas, menires e grutas artificiais, como as existentes na Necrópole de Carenque. Surgiu com o propósito de divulgar este sítio arqueológico localizado na Amadora, pese embora atualmente tenha alargado as suas áreas e geografias de atuação.
Este projeto foi desenvolvido com o intuito de dar a conhecer de uma forma interativa e didática, o modo de vida das comunidades desse período, quer ao público que assiste às representações, quer aos próprios membros do Clã, facilitando a interpretação dos vestígios arqueológicos associados. A procura de formas de dinamização cultural da Necrópole de Carenque conduziu à sua criação em 2002, pretendendo-se expor na presente comunicação as várias vertentes de atuação e linhas de desenvolvimento, que conheceu no seu percurso evolutivo.

 

3.14 MEDIAÇÃO CULTURAL: PEIXE QUE PUXA CARROÇA NAS RUÍNAS ROMANAS DE TROIA
Inês Vaz Pinto / Ana Patrícia Magalhães / Patrícia Brum / Filipa Santos

O projeto de valorização do centro de produção de salgas de peixe romano de Troia, iniciado em 2006, tem uma forte componente de mediação cultural em resposta, à partida, ao interesse do público. Prosseguiu como um desenvolvimento natural da investigação e da valorização do sítio arqueológico, aberto ao público em 2011, e tornou-se uma proposta de atividades culturais e um forte investimento na educação patrimonial.
Esta mediação cultural tem tido múltiplas “carroças”, salientando-se a visita ao sítio, em particular a visita guiada, mas também os programas escolares e as animações temáticas para crianças e adultos, através de pequenos e grandes eventos. O seu objetivo último é o conhecimento e reconhecimento do monumento como herança cultural que importa respeitar e preservar.

 

3.15 DIDÁTICA ARQUEOLÓGICA, EXPERIÊNCIAS DO PROJETO MÉRTOLA VILA MUSEU
Maria de Fátima Palma / Clara Rodrigues / Susana Gómez / Lígia Rafael

Em 2018, o projeto Mértola Vila Museu, uma experiência única de preservação e divulgação patrimonial, completou 40 anos de existência. Baseado no estudo, pesquisa, conservação, salvaguarda e divulgação, este projeto tem sido experienciado das mais diversas formas, com resultados visíveis em termos científicos e com uma importante ligação à comunidade local, com o objetivo de sensibilizar para a preservação do património histórico e arqueológico. Neste texto abordamos a didática arqueológica através da experiência de Mértola, apresentando as práticas e as abordagens que têm no património o elemento estruturante do desenvolvimento local e do envolvimento da comunidade. São explicitados os pressupostos do projeto e as experiências do Campo Arqueológico de Mértola e do Museu de Mértola levadas a cabo em sítios arqueológicos, em contacto direto com a comunidade escolar e local, com o objetivo de criar laços identitários e de pertença.